O planejamento de um pomar de
manga deve ser feito utilizando estudos básicos, que orientem um plano de
exploração da propriedade, cujos procedimentos podem viabilizar o agronegócio.
Os estudos básicos compreendem o levantamento das características climáticas,
físico-químicas do solo, com definição do tipo de solo e da profundidade, além
dos recursos hídricos disponíveis, no período mais seco do ano. Várias são as
etapas envolvidas na implantação de um pomar de manga e todas são importantes
no processo produtivo.
A área onde será instalado o
pomar, deve ser selecionada considerando a topografia do terreno e as vias de
acesso, que serão fatores de influência direta nas práticas agronômicas e no
escoamento da produção. Em solos de areias quartzosas da região Semi-Árida
nordestina, faz-se apenas a limpeza da área por meio do destocamento e roçagem
da vegetação, três a quatro meses antes do plantio, sem o uso da aração e da
gradagem. Após a limpeza, deve-se coletar uma amostra representativa de solo, para
avaliar a necessidade de calagem e adubação.
A
área do pomar deve ser protegida contra os ventos fortes, os quais provocam a
queda de frutos e afetam consideravelmente a produção. A instalação de
quebra-ventos deve ser feita durante os dois primeiros anos de formação do
pomar. No Semi-Árido brasileiro, onde o vento compromete o desenvolvimento das
plantas principalmente nos três primeiros anos, é comum o uso de capim
elefante, que apresenta desenvolvimento rápido e atinge altura de quatro
metros; também são utilizados diversas espécies de fruteiras como
quebra-ventos, tais como bananeiras com 3 a 4 linhas de plantas instaladas entre
talhões de plantio ou coqueiros nas margens laterais do plantio.
Densidade de plantio
Nos
plantios com tecnologia de produção para exportação, como os do Semi-Árido
nordestino, onde a irrigação é obrigatória, a densidade de plantio mais comum é
de 250 plantas/ha (espaçamento de 8 x 5m); no entanto, maiores densidades já
estão sendo usadas nessa região, exigindo, no entanto manejos mais adequados
quanto a podas, irrigação e nutrição.
Após
a determinação do espaçamento, faz-se o alinhamento em quadrado ou retângulo,
com um piquete no local onde serão abertas as covas. Em áreas com declive
acentuado (> 5%), deve-se preparar curvas de nível, a fim de evitar
problemas de erosão.
Considerando
as grandes exigências de cálcio pela cultura da mangueira, recomenda-se
associar a calagem com a aplicação de gesso.
Abertura e adubação de cova
Após a marcação, as covas com
dimensões de 60 x 60 x 60 cm
são abertas com uma ferramenta conhecida como “boca-de-lobo” ou com uma
perfuradora mecanizada; esse implemento agiliza e diminui os custos de abertura
de covas mas, dependendo do tipo de solo, há necessidade de se quebrar as
paredes laterais da cova, a fim de se evitar o “espelhamento”, ou seja, a
compactação das mesmas. A correção e a adubação devem ser baseadas na análise
de solo e ser feitas, pelo menos, 15 dias antes do plantio da muda. No
Semi-Árido nordestino, recomenda-se de 20 a 30 L de esterco de curral (caprino ou bovino)
por cova, 1 kg
de superfosfato simples, 150g de cloreto de potássio e 200g de uma mistura
de micronutrientes. Na adubação da cova com esterco, deve ser mantida a
relação 1 esterco: 10 solo, para que haja uma decomposição mais equilibrada.
Plantio da muda e pintura do caule
Em geral, faz-se o plantio da muda no início das chuvas, para
facilitar um melhor estabelecimento da mesma no solo, embora sob condições
irrigadas, essa operação possa ser realizada em qualquer época do ano. Devem-se
selecionar mudas enxertadas, sadias e com dois fluxos vegetativos. Para evitar
rachaduras no caule, causadas pela incidência direta da radiação solar, que
favorece a entrada de fungos no caule, deve-se fazer uma pintura com tinta
látex branca, diluída em água, na proporção de 1:1.
Cobertura morta, tutoramento
A
utilização da cobertura morta, que pode ser de raspa de madeira ou maravalha,
palha de arroz, folhas de coqueiro ou restos da roçagem feita entre as fileiras
de plantio, tem o objetivo de proteger o solo, ao redor da planta, das
altas temperaturas, além de evitar perdas excessivas de umidade do solo.
Recomenda-se também o uso de um tutor (pequeno poste de madeira) que servirá
para conduzir o caule da planta verticalmente, evitando a ação danosa dos
ventos na instalação da muda.
Cuidados fitossanitários
Nos pomares em formação, as formigas cortadeiras, ácaros, cochonilhas e
tripes podem causar danos consideráveis. As medidas de controle devem ser
planejadas antes mesmo do plantio. Deve-se também ter em mente a preservação do
potencial de controle biológico existente, bem como o favorecimento à atuação
de inimigos naturais, de maneira que, no campo, o controle biológico assuma
importância cada vez maior no controle das pragas da cultura. Com alguns
cuidados e a introdução de certas práticas, é possível melhorar a qualidade e o
rendimento, sem alterar custos.
Entre os cuidados fitossanitários, é importante mencionar que durante a
implantação do pomar pode ocorrer a incidência de Lasiodiplodia, em
conseqüência de estresse hídrico à planta, devido a entupimento de
microaspersores ou qualquer outro problema no manejo da irrigação, assim como,
podem aparecer mudas com “malformação vegetativa”; nesses dois casos é
necessário um replantio, pois as mudas devem ser descartadas. No período das
chuvas, deve-se ficar atento à incidência de doenças como a antracnose, cujo
controle deve ser feito com pulverização de produtos à base de cobre.
Fonte: EMBRAPA
Fonte: EMBRAPA
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