sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Silagem

Considerada uma espécie de “reserva” de alimento para os animais durante o período mais seco do ano, é uma segurança que o produtor tem de que não vai faltar comida para seu gado. O caminho futuro da produção rural é a integração agricultura-pecuária, associada a moderna tecnologia. Cada vez mais observa-se o sucesso naquelas propriedades onde encontra-se um bom agricultor e também um bom pecuarista. É a chamada agropecuária empresarial. Silagem não pode ser somente reserva de alimento, deve sim ter qualidade nutricional e ser uma fonte de energia e proteína que será transformada em carne ou leite.
Deve-se abandonar os conceitos antigos, que não motivam os produtores a utilizarem esta forma de alimento, baseados em resultados e conceitos modernos da silagem, que atenderão a pecuária moderna.
É necessário ter como objetivo principal o crescimento econômico da produção animal, dentro de sistemas competitivos aos padrões internacionais.

1 – Objetivos
-  armazenar alimento com alta nutrição.
-  aumentar o conteúdo energético e a digestibilidade do volumoso.

2 –  Silagem de forrageiras tropicais
A distribuição da produção forrageira nos trópicos é estacional, alternando-se, durante o ano, períodos favoráveis e desfavoráveis ao crescimento das forrageiras. Os efeitos desse fato sobre a pecuária de leite e de corte são evidentes. Durante o inverno é comum os animais perderem peso; enquanto no verão, terem ganhos acentuados. 
A reprodução e a produção de leite também são afetadas uma vez que os animais só entram em cio e produzem leite com adequada disponibilidade de forragem, o que acabará afetando também o peso à desmama dos bezerros. 
A capacidade de suporte das pastagens também sofre flutuações, já que a oferta de forragem é variável. O preço da arroba de carne oscila durante o ano por causa dos períodos de alta e baixa disponibilidade de animais prontos para abate.
Para tentar solucionar ou, pelo menos, minimizar o problema, o pecuarista pode adotar inúmeras estratégias, cada uma apropriada às condições do sistema de produção que estiver sendo utilizado na propriedade.

2.1 – Ensilagem
É uma técnica que consiste em preservar forragens por meio de fermentação anaeróbica, após o seu corte, picagem, compactação e vedação em silos. O produto final dessa fermentação, denominado silagem, é obtido pela ação de microrganismos sobre os açúcares presentes nas plantas com a produção de ácidos, resultando em queda do pH até valores próximos de 4.
A prática da confecção de silagem tem sido cada vez mais comum na produção de gado de corte, principalmente em regiões com exploração pecuária mais tecnificada, onde a procura por melhores índices zootécnicos e rentabilidade econômica tem levado grande número de produtores, que utilizam o confinamento, a adotarem sistematicamente essa prática. Outro fator que tem contribuído para o aumento da ensilagem é a integração agricultura-pecuária, entrando a lavoura como forma de reduzir o custo de recuperação ou renovação de pastagem.
A relação preço do grão/preço da carne bovina no Brasil, em comparação com outros países, é desvantajosa; fato este que torna também interessante a prática da ensilagem. O lançamento de novas cultivares de milho e sorgo, bem como a experiência com novas cultivares de capim (tanzânia, mombaça, brizantão, tifton e outros) também tem estimulado a produção de silagem.


3 – Vantagens da silagem

Algumas vantagens do uso da silagem têm sido citadas:
  1. Produção de 30% a 50% mais de nutrientes em comparação à produção de grãos. 
  2. Manutenção do valor nutritivo, quando ensilado adequadamente.
  3. Liberação de área mais cedo, para uso de safrinha ou formação de pastagem.
  4. Requer menos espaço de armazenagem, por unidade de matéria seca, do que a fenação.
  5. Alta aceitabilidade.
  6. Processo totalmente mecanizado.
  7. Menor custo das máquinas em relação à fenação.
  8. Menor dependência das condições climáticas.

4 – Desvantagens do uso da silagem
Estas também têm sido observadas:
- Estrutura especial de armazenamento – Apesar de poder ser armazenada em silos horizontais do tipo superfície, estruturas como silo trincheira podem favorecer o enchimento, a compactação e o armazenamento. 
- Alta umidade significando grande quantidade de água transportada e armazenada.
- Redução da matéria orgânica e exposição do solo à erosão – Esse problema pode ser minorado com a adoção de técnica de plantio direto.
- Custo elevado em relação ao custo das pastagens – um dos fatores que mais influem no custo final da silagem é a produção por hectare. Por isso, o produtor deve cuidar o melhor possível de suas áreas de produção de forragem. 
- Ultimamente, os custos de produção de silagem têm aumentado em conseqüência das alterações cambiais, já que estas aumentam os preços dos insumos. 
 Por causa do menor custo, em comparação à silagem de milho ou de sorgo, as quantidades de silagens produzidas de capins, como mombaça, tanzânia e brizantão, têm aumentado significativamente. Entretanto, é preciso esclarecer que nem sempre a silagem mais barata será a que irá produzir a arroba de carne de menor custo na medida em que poderá exigir maior quantidade de concentrado.

5 – Forrageiras para ensilagem
O milho e o sorgo são culturas mais adaptadas ao processo de ensilagem, resultando geralmente em silagens de boa qualidade sem uso de aditivos ou pré-murchamento. O milho é a cultura mais indicada para locais de solos mais férteis e clima mais favorável e com alta tecnologia, enquanto que o sorgo, que contém 80% a 90% do valor energético do milho, tem sido indicado para locais de solos pobres, sujeitos a veranicos ou próximos de centros urbanos. 

5.1- Outras opções de forragens para ensilagem seriam: 
- Milheto – inferior ao milho e ao sorgo por conter menor quantidade de grãos.
- Girassol – tem sido recomendado para cultivo de safrinha, sendo sua maior limitação o excesso de umidade no ponto de corte.
- Raiz e parte aérea da mandioca – a parte aérea da mandioca é considerada um alimento superior à maioria dos capins empregados na ensilagem.
- Capim-elefante – bastante utilizado para produção de silagem em regiões de pecuária leiteira por causa de sua produtividade, elevado número de variedades, grande adaptabilidade. O corte, quando feito entre 60-70 dias, pode produzir silagem de boa qualidade, desde que cuidados sejam tomados para reduzir o problema do excesso de umidade.
- Capins tropicais – pelo menor custo (geralmente 50% do custo da silagem fresca de milho ou de sorgo) tem aumentado o interesse dos produtores pelas silagens de outros capins, como o mombaça, tanzânia, marandu e outros. É mais indicado para regiões sem aptidão agrícola, podendo ser uma boa alternativa para aumentar o estoque de forragem para seca, particularmente para categorias menos exigentes, como animais de cria e de recria, ou para regiões que disponham de concentrados baratos.
A possibilidade de mais de um corte/ano e posterior aproveitamento do rebrote para pastejo podem compensar as dificuldades encontradas na confecção da silagem de capim. 
Dentre essas, as de maior importância são os baixos teores de matéria seca e de carboidratos solúveis nesse tipo de forragem. Pode-se aumentar o teor de matéria seca na planta, fazendo-se um corte mais tardio.
Entretanto, isto vai resultar numa redução do teor de carboidratos solúveis e da digestibilidade. A recomendação é que cortes sejam sempre feitos antes da florada, e quando a planta apresenta alta presença de folhas verdes (entre 60 e 85 dias de crescimento). Isto deveria coincidir com o teor de matéria seca próximo ou superior a 25% no momento do corte. 
Forragens com teores de matéria seca abaixo de 25% precisam sofrer algum tratamento extra antes ou durante sua estocagem no silo.

6 – Silagem de milho
A grande aptidão da planta de milho para ensilar tem a ver com os seguintes fatores:

- Permite altas produções por hectare de um alimento de elevado valor nutritivo (energia).
- A silagem é um alimento com boa consistência e palatibilidade.
- Pode ser ensilado imediatamente a seguir ao corte, quando as características da planta estão próximas das ideais.
- Permite uma rápida colheita.
- Bom domínio da técnica de produção e conservação.

Precocidade: Milhos mais precoces permitem colher mais cedo, antes das primeiras chuvas (fins de Setembro, inícios de Outubro).
Rendimento: Um rendimento ótimo está associado a um bom desenvolvimento vegetativo, bem como à riqueza em grão. Este fato é importante na medida em que o animal tem grandes necessidades de Unidades Forrageiras (Leite e Carne). Também deve ter-se em atenção que um bom rendimento, para além de outros aspectos culturais, depende da densidade de plantação.
Riqueza em grão: A maçaroca contribui com 60% do valor da planta, sendo especialmente rica em açúcares (amido).
Utilização de aditivos/conservantes: Após o fecho do silo, a planta de milho sofre uma sequência de reações químicas que transformam os seus açúcares solúveis em ácido láctico. Estas transformações levam à acidificação do material, cujo pH deverá situar-se abaixo de 4, valor que limita as fermentações indesejáveis (ação da flora butírica) e assegura uma boa conservação da silagem de milho.A utilização de aditivos/conservantes é de recomendar, principalmente quando:
- O processo da ensilagem é feito com chuva;
- O teor de MS na altura da ensilagem não é o ideal;
- O enchimento do silo demora vários dias (silos sobredimensionados).
Neste caso existem no mercado produtos à base de bactérias lácticas, enzimas e ácidos com bons resultados no controlo da fermentação.
Avaliação da qualidade da silagem: A avaliação subjetiva da silagem, no que respeita  aos parâmetros cor, odor, teor de matéria seca, pode não ser, só por si, suficiente para avaliar a qualidade da silagem; daí que seja recomendável que se façam algumas determinações químicas, nomeadamente o pH.

7 – Silagem de sorgo
Entre as opções de forrageiras com bom valor nutritivo cita-se o sorgo e este pode ser utilizado tanto para produção de grãos como de forragem para pastejo ou conservação na forma de silagem ou feno. É uma cultura que produz silagens com boas características fermentativas e destaca-se por ser um volumoso com adequada concentração de carboidratos solúveis, essenciais para a fermentação lática. Depois do milho, é a cultura anual mais importante para produção de silagem, pois possibilita produção economicamente viável (alta produção por unidade de área), possui bom valor energético e níveis médios de proteína (cerca de 8% de proteína bruta). Outra característica importante do sorgo é a boa adaptação às variadas condições de clima e de solo.
A silagem de sorgo tem importância estratégica, pois quando é produzida com base nos princípios básicos para obtenção de silagem de boa qualidade apresenta valor nutritivo equiparado ao da silagem de milho e com a principal vantagem do menor custo de produção, uma vez que a produtividade do sorgo é maior que a do milho.
Algumas vantagens do sorgo em relação ao milho são:
- Os rendimentos de forragem verde em ótimas condições de clima e de fertilidade podem superar os obtidos com o milho. Há variedades de alta produção (sorgos forrageiros) que podem produzir cerca de 100 t/ha de massa verde, em dois cortes;
- Menor exigência quanto ao tipo e à fertilidade do solo;
- Capacidade para suportar extensos períodos de falta de água e rebrotar rapidamente depois da ocorrência de chuvas que umedecem suficientemente o solo;
- Adapta-se melhor que o milho em regiões onde há escassez de chuvas;
- Não é sujeito a roubos, como ocorre com as espigas de milho; no entanto, pelo fato de ter os grãos expostos sofre intenso ataque de pássaros.
O processo de ensilagem é composto por várias etapas, entre as quais citam-se: colheita e fracionamento da forrageira, transporte, enchimento do silo, compactação da forragem e, finalmente, vedação do silo. Antecedendo essas etapas, há uma atividade de importância significativa, que é a produção da forrageira que será ensilada. Esta é a base para que a eficiência econômica seja atingida, pois a produtividade da cultura está estreitamente relacionada com o custo de produção, ou seja, quanto maior a produção por unidade de área menor será o custo de produção da silagem.
A produção de silagem de boa qualidade inicia-se pela escolha do híbrido e esta escolha deve ser embasada em informações relativas às características agronômicas e qualitativas. Há no mercado disponibilidade de híbridos de sorgo para adaptar-se às diferentes regiões, sendo que numa mesma região tem-se a opção de escolha em função do ciclo, resistência e produtividade. Outra observação deve ser quanto à produção de grãos, pois quanto mais grãos na silagem, maior será o porcentual de Nutrientes Digestíveis Totais (NDT) que é o teor de energia da silagem. O conveniente é fazer a escolha de acordo com o maior número de características desejáveis tais como ciclo, porte, participação de grãos, digestibilidade e teor de fibra, sanidade foliar, resistência a doenças e ao tombamento.
A escolha de híbridos mais adaptados às condições em que serão cultivados é fator importante para obtenção de maiores produções por unidade de área, mas é importante lembrar também que não só os fatores genéticos e de clima influenciam a produtividade do sorgo, mas, também, a quantidade de sementes, a época de semeadura, a população de plantas, o preparo, correção e fertilização do solo e o controle de plantas daninhas, pragas e doenças são fundamentais para obter alta produtividade.
Atualmente, sorgo forrageiro é aquele que produz massa (forragem) e grãos. Existem cultivares adaptadas para utilização na forma de grãos, que são as que apresentam menor porte. Entretanto, dois cultivares de sorgo se destacam para produção de silagem:
-  Sorgo Granífero - apresenta maior proporção de grãos e geralmente são de porte inferior aos sorgos forrageiros. Produzem silagens com excelente valor nutritivo em razão da presença de grãos; porém, a produção de massa verde é baixa, cerca de 30 t/ha;
- Sorgo duplo propósito - Produzem silagem com valor nutritivo semelhante à silagem de milho em razão da elevada participação de grãos. A produção de matéria verde é, em média, 50 t/ha, no primeiro corte e, a produção da rebrota pode atingir até 50% da produção obtida no primeiro corte, se as condições de clima e solo forem favoráveis.
Um dos aspectos mais importantes no processo produtivo, não somente do sorgo mas de qualquer espécie forrageira, é o manejo cultural e esse se traduz em atenção especial quanto ao local de plantio, preparo, correção e fertilização do solo, qualidade da semente, época e profundidade de semeadura, regulagem adequada da semeadora, espaçamento correto, densidade de plantas por área, controle de pragas, doenças e plantas daninhas e época ideal de colheita. Esses parâmetros, quando conduzidos com critério, influenciam positivamente nos diversos estádios de desenvolvimento da cultura, refletindo de forma significativa no potencial produtivo e qualitativo da espécie.
Fragmentação: A planta do sorgo deve ser fragmentada em partículas de 0,5 a 2,0 cm e este cuidado deve ser criteriosamente seguido, pois é um dos principais segredos para obter silagem de boa qualidade. São inúmeros os benefícios do tamanho adequado de partículas, que vão desde o enchimento do silo até o processo digestivo e o desempenho dos animais.
Silagens compostas por partículas pequenas são mais fáceis de serem misturadas a outros alimentos e são menores as perdas no momento da retirada do silo e durante a alimentação dos animais. Pequenas partículas também facilitam a mastigação, a ruminação e a digestão, com reflexos positivos no consumo e no desempenho dos animais.
Para que essa prática seja realizada de forma correta é importante vistoriar as condições das facas da ensiladora e isso deve ser feito com antecedência a colheita e durante a realização desta; e se as facas estiverem desgastadas deverão ser afiadas ou trocadas.
A produção de silagem de sorgo com bom valor nutritivo e baixo custo somente é possível se houver um planejamento antecipado das atividades e este deve ser cuidadosamente detalhado para que todas as etapas do processo de ensilagem sejam realizadas com eficiência. É importante salientar que, quanto maior produção forrageira por unidade de área, menor será o custo de produção da silagem.
Além do planejamento detalhado e da organização das atividades, o capricho na execução de cada etapa e o acompanhamento de todo o processo se traduz em tecnologia de baixo custo, e a adoção correta de tecnologia é garantia de eficiência, ou seja, de lucro.

8- Tipos de silagem
-         superfície: é o mais barato, pois só se gasta com a lona.
-         Trincheira: é o mais indicado e melhor.
-         Encosta ou torre: é muito caro, porém útil.
-         Cisterna: caro e útil.
-         Silo tubo: é extremamente útil, porém caríssimo.
O silo de superfície tem a desvantagem de ter de difícil compactação, pois eleva se ao nível do solo, começa desbarrancar, porém de baixo custo.
O silo trincheira é o melhor indicado, pois tem melhor compactação, melhor vedação (ao nível da superfície), e armazena a mesma quantidade que o de superfície, porém mais caro.
O silo torre é muito mais caro que a trincheira, perfeita para se aproveitar locais de barrancos.  É de difícil manejo na compactação e na retirada. Assim ocorre com o silo tipo cisterna.
O silo tubo é muito útil, em enchido como em forma de lingüiça, é mais prático porém é de altíssimo custo.
O corte e definido quando o grão apresenta consistência farinácea. No caso do milho, o grão deve estar passando um pouco do ponto de pamonha.
As plantas mais utilizadas para se fazer silagem são o milho, sorgo, capim, cana e girassol.
A silagem de cana não é boa ser feita isolada.  Como energética a cana é muito boa porém seu nível de proteína é muito baixo, por isso é um alimento pobre que então não fornecem uma boa silagem de qualidade. Ele está então, sendo substituída pela uréia por esse motivo. Não se deve usar cana para fazer silagem, pois na seca ela ainda está verde.
O processo de todos é o mesmo.
O ponto de corte do milho é com aspecto farináceos, antes disso tem-se aspecto leitoso.
Na silagem de grãos úmidos, pica-se somente a espiga, porém o processo é o mesmo do capim.
A revisão periódica do corte das facas da ensiladeira é muito cortante para que o tamanho das partículas picadas seja sempre igual. As partículas não devem ser grandes nem pequenas.
Para encher o silo trincheira, deve-se começar de trás para frente e para retirar a silagem de dentro da trincheira, deve ser de frente para trás. A compactação também deve ser feita de trás para frente e quando se começa a colocar a silagem.
Ao final, fecha-se o silo com tábuas e terra.
A compactação é importante para que não se forme ar dentro da silagem impedindo que ela estrague formando bactérias aeróbias. A compactação forma que somente bactérias anaeróbica, que não estraga o silo.
Deve-se fazer uma canaleta ao redor do silo para que água da chuva vai embora e ao final do silo, deve-se deixar acima da superfície do solo para que água da chuva escorra. Tampa-se o silo com lona e terra por cima, para impedir a entrada de água, protegerá lona de estrago, melhorar e fortalecer a compactação, além de evitar a passagem de animais por cima do silo.
Silagem é indicada somente para ruminantes.
Depois da abertura do silo, retira o necessário em camadas de 15 em 15 cm e cobre-se novamente a compactação do bastante com tábuas e terra para impedir a entrada de bactérias aeróbicas e para proteger a silagem até a próxima retirada. Deve se retirar 15 cm a cada dia depois de aberto, se um dia a camada não for retirada, no outro dia retira-se a primeira camada de 15 cm, joga fora e aproveita-se nos próximos 15 cm.
A uréia não é um aditivo aconselhável da silagem, ela é uma base, enquanto o conservante da silagem é o ácido lático (antagonismo) estragando o material.  Ela aumenta os carboidratos na silagem, sendo inútil. Não usar uréia, e se usar, tomar cuidado de distribuir o uniformemente a uréia na silagem para que não fique concentrada em um só local e conseqüentemente apodreça a silagem.
O milho é considerado o melhor para associar a silagem do que o sorgo e o girassol, devido à sua melhor palatabilidade. O sorgo possui tamino que tem baixa palatabilidade (gosto de banana verde) e o girassol também possui baixa palatabilidade.
A silagem não é interessante para eqüinos porque causa fermentação e conseqüentemente cólicas levando animal morte.

9 – Fatores que afetam a qualidade da silagem
Um dos fatores que afetam grandemente o tipo de fermentação e a conservação da massa ensilada é o teor de matéria seca, cujos valores ideais devem se situar entre 26% e 38%. Teores maiores de umidade favorecem o desenvolvimento de bactérias do gênero Clostridium, produtoras de ácido butírico, além de aumentar as perdas de nutrientes pela liberação de efluentes. Entretanto, uma forragem muito seca torna difícil a compactação e eliminação do ar.
O poder tampão, bastante alto nas leguminosas, é outro fator que interfere na qualidade da silagem. 
O teor mínimo de carboidratos solúveis na forragem a ser ensilada deve ser de 6% a 8% da matéria seca e estes têm sido os valores encontrados nos capins tropicais contra valores acima de 15% nas plantas de milho e de sorgo.
O carregamento lento, a colocação de camadas diárias finas, a falta de compactação e o atraso na vedação (acima de quatro dias) são procedimentos que concorrem para aerar a massa e promover perdas no processo.
É importante que haja uma adequação entre o tamanho do silo e as disponibilidades de mão-de-obra e de equipamentos. 
As máquinas devem estar bem preparadas para fazer um corte eficiente da forragem (1 a 2 cm). Isto vai favorecer a compactação e aumentar a superfície de contato acelerando a fermentação. 
Nos silos horizontais do tipo superfície, a ausência de paredes laterais, para possibilitar a compactação mais intensa, cria condições favoráveis a maior penetração do ar e, conseqüentemente, perdas mais pronunciadas. O uso de silos do tipo "bunker" (paredes laterais de madeira ou de alvenaria) ou silo trincheira, pode minorar esses efeitos, favorecendo o enchimento e a compactação. 
Para melhorar a qualidade particularmente das silagens de capim pode ser conveniente o uso da alguns artifícios, como a pré-secagem para forragem com menos de 25% de matéria seca. No mercado existem máquinas capazes de recolher o capim pré-secado.  
Outra alternativa é o uso de aditivos de elevado teor de matéria seca. Eles funcionariam como extratores de umidade, aumentando, assim, o teor de matéria seca da massa a ser ensilada e, conseqüentemente, melhorando as condições para fermentação. 
Dentre esses aditivos, citam-se: fubá (10 – 40 kg/t), raspa de mandioca (75 kg/t), espiga de milho integral moída (150 – 250 kg/t), polpa cítrica seca (100 – 200 kg/t), casca de soja (100 – 200 kg/t). Esses aditivos, para atuarem adequadamente, devem ser misturados de forma mais homogênea possível na massa ensilada.  
Outros aditivos utilizados para estimular a fermentação são os biológicos e/ou enzimáticos. Contribuem para aumentar significativamente o custo da silagem, mas, com os capins tropicais, os resultados obtidos têm sido bastante inconstantes em termos de melhoria da qualidade da silagem obtida. Pela dificuldade de utilização na prática de métodos como a pré-secagem e/ou  incorporação de aditivos secos, os inoculantes biológicos comerciais têm sido utilizados por causa da facilidade de aplicação. O inoculante pode ser aplicado por meio de uma bomba com reservatório acoplada no trator com bico pulverizador acoplado à ensiladeira ou com pulverizador costal no momento de carregamento e compactação da forragem.
Um aditivo de característica nutricional, como o melaço (30 – 40 kg/t), seria indicado para material pré-secado ou com teor de matéria seca acima de 25%. 
O último passo na utilização da silagem, também importante, consiste da retirada diária da massa ensilada. Ela deve utilizar uma fatia mínima de 20 cm do silo, evitando-se deixar partes do silo descobertas e massa de silagem remexida para o dia seguinte. 

10- Aditivos
Para melhorar as condições de fermentação ou para melhorar o valor nutritivo das silagens, alguns aditivos podem ser usados, como é o caso de fenos, palhas, fubá, uréia, melaço etc. Estes aditivos são empregados principalmente na ensilagem do capim-elefante, mas a uréia pode ser empregada também na ensilagem do milho. O aditivo escolhido é espalhado após cada camada do material colocado no silo, de maneira que fique bem distribuído dentro da massa ensilada. São empregados nas seguintes proporções: 
- uréia: 0,5% (na ensilagem de milho ou capim-elefante),  
- melaço: 3 a 5% (na ensilagem de capim-elefante) ou
- fubá: 3 a 5% (na ensilagem de capim-elefante)  
Para facilitar a distribuição da uréia ou do melaço, estes podem ser divididos em água (1 kg: 1 l). 
O principal problema para a ensilagem de capim-elefante é o elevado teor de água da planta. Para minimizar este problema usa-se, ou fazer o pré-murchamento, ou adicionar materiais mais secos junto com o capim no silo. Uma opção é usar o feno da parte aérea da mandioca (rama + folhas secas) na proporção de 5%, ou mesmo a parte aérea fresca da mandioca, picada, na proporção de 25%. Milho desintegrado com palha e sabugo ou cama de aviário também podem ser usados na base de 5%.

11- Valor nutritivo das silagens
Plantas de milho e de sorgo, quando adequadamente ensiladas, são boas fontes de energia (60% a 70% de NDT); contudo, são deficientes em proteína (7% a 9% de PB). 
A silagem de sorgo equivale a 80%-90% da silagem do milho por conter menor quantidade de grãos, apresentar maior perdas de grãos nas fezes dos animais e talos de menor digestibilidade. 
As silagens de capins, geralmente, estão associadas a maior risco de perda e apresentam conteúdo energético inferior às silagens de milho e de sorgo (56% a 60% de NDT).

12- Avaliação de silagens
Uma boa silagem deve ter cheiro agradável e cor clara. Grandes quantidades de efluentes escorrendo indicam a possibilidade de fermentação inadequada. Uma silagem muito seca indica que pode ter havido problemas na compactação. A presença de mofo é um indicativo da presença de ar oriundo da má compactação ou da vedação inadequada. O pH de uma boa silagem deve ser inferior a 4,2. A análise de ácidos orgânicos deve indicar valor acima de 2% de ácido lático e inferior a 0,1% de ácido butírico da matéria seca. A degradação de proteína é um sinal de fermentação indesejável e o nível de nitrogênio amoniacal de uma boa silagem deve ser inferior a 11% do nitrogênio total.

13- Conclusão
Em geral, as silagens apresentam qualidade nutritiva muito baixa. Há necessidade de um maior acompanhamento do produtor, visando melhorar significativamente a qualidade, obtendo com isto uma maior eficiência na produção animal. Objetivo principal que o produtor deve alcançar, através da escolha do híbrido de milho e da correção dos seus erros de manejo, ano após ano, safra após safra.

14–  Referências Bibliográficas (Links)

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Minhocário - Fábrica ecológica

Estrutura criada pelos técnicos da Embrapa produz minhoca e adubo, além de ser uma opção mais barata ao tradicional canteiro de alvenaria 

Ilustração Antonio Figueiredo
Elas são incessantes cavadoras de túneis e produzem o húmus, matéria orgânica rica em nitrogênio, cálcio e fósforo, elementos importantes para a lavoura. São também excelentes iscas para a pesca e para criadores domésticos de rãs, suínos e coelhos. Estamos falando de minhocas, anelídeos considerados "nojentos" para algumas pessoas, mas que também são fonte de renda para produtores rurais, em especial para aqueles que não dispõem de muito espaço na propriedade.

A criação de minhocas não exige muitos cuidados e investimentos. O preço de dois litros de minhocas vermelhas da califórnia, por exemplo, custa em torno de 50 reais. Há a necessidade, no entanto, de se montar uma instalação para criá-las. O minhocário mais comum, feito de alvenaria, é uma excelente alternativa. Mas seu custo, cerca de 600 reais, pode assustar criadores de primeira viagem.

Em 1989, o técnico da Embrapa Agrobiologia, Ernani Correa de Meirelles, construiu um canteiro com bambus. "Fui incumbido de multiplicar algumas minhocas que havíamos recebido de um produtor", conta. Como o local não possuía um minhocário, Meirelles aproveitou o material que tinha na propriedade. "Em três horas, as minhocas já estavam acondicionadas num ambiente adequado para elas."

A disponibilidade do material reduziu o custo do minhocário, que não passa de 30 reais. Mas não é só isso. O bambu facilita a aeração e deixa a temperatura mais amena, o que é ideal para a criação. Este tipo de canteiro sugerido pela Embrapa tem capacidade para receber 60 centímetros cúbicos de resíduo orgânico.

O tempo de vida útil deste minhocário é de cerca de quatro anos. Para que ele dure, mantenha-o sempre limpo. Isto também evita o ataque de predadores, como rãs, sapos, cobras, aves e lesmas. Outra dica é construí-lo acima do nível do solo, em chão de terra batida. O local deve ser de fácil acesso à água e com boa incidência de sol.

Material
Para fazer um minhocário de dois metros de comprimento por um metro de largura e 40 centímetros de profundidade, você irá precisar de:
• 10 pedaços de bambu de seis metros de comprimento e seis centímetros de diâmetro cada;
• 2 quilos de arame 16;
• 18 estacas de sabiá (sansão-do-campo) de 60 centímetros de comprimento cada;
• 1 pedaço de sombrite (tela utilizada na construção de viveiros de planta) de três metros de comprimento por dois de largura;
• Marreta
• Serrote
• Tesoura

Canteiro vantajoso
Uso de bambu no minhocário facilita a aeração, deixando a temperatura em seu interior mais amena, o que é ideal para a criação

Motagem
• 1º passo
As estacas darão sustentação à estrutura do minhocário. Elas devem ser cravadas no solo com marreta, a 20 centímetros de profundidade. Os cantos são formados com três estacas: duas no lado interno e outra no externo. Em cada lateral de dois metros, coloque duas estacas a uma distância de, aproximadamente, 60 centímetros entre elas. Nas bases de um metro de largura, fixe também uma estaca a meia distância dos cantos.• 2º passo
Serre os bambus em pedaços de um e dois metros. Separe as peças de mesmo tamanho e encaixe-as umas sobre as outras até atingir 40 centímetros de altura.
• 3º passo
Passe o arame entre os peças de bambu e as estacas, em ziguezague e de baixo para cima. Reforce bem a amarração nos cantos, para garantir sustentação. É mais fácil montar a estrutura em "L", juntando uma das laterais de dois metros com uma de um metro e depois unir tudo.
• 4º passo
Uma vez montado o minhocário, cubra o fundo e as laterais com sombrite. Passe o arame em ziguezague "costurando" as bordas da tela aos bambus superiores das paredes do minhocário. Corte as sobras de tela com uma tesoura. Encha o canteiro com os resíduos orgánicos da propriedade, misturando com palha, e então coloque as minhocas. É importante que o material seja mantido sempre úmido


                  
• Informações: Embrapa Agrobiologia - Rodovia BR- 465, km 7 - Caixa Postal 74505 - Seropédica - RJ - CEP 23850-970 - Tel. (21) 3787-4346 -www.cnpab.embrapa.br

Fonte: revista globo rural

sábado, 29 de setembro de 2012

Antúrio (Anthurium sp.)

A flor do antúrio, na verdade, é bem pequena, alcançando o tamanho da cabeça de um alfinete. A parte colorida e exótica, que normalmente achamos que é a flor, na verdade é uma inflorescência, ou seja, o conjunto formado pela espádice - espiga onde brotam as minúsculas flores - e espata do antúrio - a bráctea colorida, ou a folha modificada. As verdadeiras flores do antúrio são os pontinhos amarelos que brotam na espiga.

Esta peculiaridade é um artifício da natureza: quando as flores são pouco significativas, a natureza produz folhas modificadas ou brácteas coloridas para atrair insetos e outros agentes polinizadores. Isso também ocorre com as flores do bico-de-papagaio (Euphorbia pulcherrima) e da primavera (Bougainvillea spectabilis), por exemplo.

Mas o antúrio não impressiona apenas pela beleza da inflorescência. Suas folhas em formato de coração (codiformes), que variam de tamanho dependendo da espécie, são extremamente exóticas. Em algumas espécies, podem ser até mais atraentes que as inflorescências, bons exemplos disso são o Anthurium crystallium e o Anthurium magnificum que apresentam as nervuras em tons contrastantes, resultando em verdadeiros desenhos nas folhas.

Pertencente à família das Aráceas - que reúne cerca de 600 espécies, todas originárias da América Tropical - o antúrio é uma das espécies mais famosas da família. Suas espatas podem apresentar cores que vão do mais puro branco até o vermelho intenso, incluindo vários tons de rosa, salmão, verde e até marrom.

Algumas espécies são bem populares no Brasil, como o Anthurium andreanum - chamado de "paleta-de-pintor" e o Anthurium scherzeranum, conhecido como "flor-de-flamingo”, por apresentar a espádice recurvada, lembrando a forma do flamingo.


Cultivo
Quem deseja cultivar antúrios, pode ficar tranqüilo: é uma planta de fácil cultivo, que não dá trabalho e nem requer muitos cuidados. O primeiro passo é escolher um local sombreado para a planta, pois o excesso de sol é prejudicial ao antúrio. Procure deixar a planta à meia-sombra, isto é em locais com boa luminosidade, mas sem que receba os raios solares diretamente.

A mistura de solo indicada para o plantio é a seguinte:
1 parte de terra comum,
1 parte de terra vegetal
2 partes de composto orgânico

Procure usar mudas bem desenvolvidas com cerca de 10 cm de altura. Se for plantar em canteiros, tente colocar as mudas sob a sombra de árvores ou arbustos grandes. Para controlar problemas com fungos nos canteiros, recomenda-se fazer pulverizações periódicas com calda bordalesa. De resto, os cuidados são poucos:
· regas freqüentes sem encharcar;
· pulverizar as folhas com água durante o verão mais intenso;
· duas vezes ao ano, adubar com um composto orgânico;
· garantir sombra, calor e umidade;

Super duráveis
Exótico e duradouro, o antúrio é uma das plantas mais usadas na decoração de interiores e na formação de arranjos florais. Sua inflorescência (a parte tida como flor) chega a durar até 60 dias num vaso com água, após ser retirada da planta.

Entretanto, a beleza e durabilidade da planta na composição de arranjos e decorações dependem de fatores importantes. Em locais onde a umidade do ar é baixa, a folhagem deve ser pulverizada com água, para manter seu frescor e brilho. Para o corte, a inflorescência só deve ser retirada, quando estiver totalmente formada.


domingo, 23 de setembro de 2012

Raleio na cultura da cenoura



O objetivo de realizar raleio na cultura da cenoura é aumentar o espaço entre plantas, a disponibilidade de água, luz e nutrientes por planta. A semeadura é realizada em fileiras contínuas de forma mecânica ou manual, sendo assim, é imprescindível a realização do raleio, para obtenção de raízes de tamanho maior, com melhor uniformidade e de melhor qualidade visual.

A recomendação é que o raleio seja feito no período de 25 a 30 dias após a semeadura, realiza-se de uma só vez, deixando-se um espaço entre plantas de aproximados 5 cm. Não é recomendado espaçamento maior, para não diminuir a produção na área.

No processo de semeadura com semeadeiras pneumáticas e com sementes peletizadas, não é necessário a realização de raleio, com isso, diminui custos com mão de obra. Porém quando necessário a realização da prática de raleio é essencial respeitar o período recomendado, pois no caso de demora, pode ocorrer a redução da produção.

Fonte: Rural Atual

sábado, 25 de agosto de 2012

Nutrição e adubação do sorgo


A fertilidade dos solos, a nutrição e adubação são componentes essenciais para a construção de um sistema de produção eficiente. A disponibilidade de nutrientes deve estar sincronizada com o requerimento da cultura, em quantidade, forma e tempo. Um programa racional de adubação envolve as seguintes considerações: a) diagnose da fertilidade do solo; b) requerimento nutricional do sorgo de acordo com a finalidade de exploração, grãos ou forragem; c) os padrões de absorção e acumulação dos nutrientes, principalmente N e K; d) fontes dos nutrientes; e) manejo da adubação.
É importante ressaltar que nos últimos anos, a agricultura brasileira, de um modo geral, vem passando por importantes mudanças tecnológicas resultando em aumentos significativos da produtividade e produção. Dentre essas tecnologias destaca-se a conscientização dos agricultores da necessidade da melhoria na qualidade dos solos, visando uma produção sustentada. Essa melhoria na qualidade dos solos está geralmente relacionada ao manejo adequado, o qual inclui entre outras práticas, a rotação de culturas, o plantio direto e o manejo da fertilidade através da calagem, gessagem e adubação equilibrada com macro e micronutrientes, utilizando fertilizantes químicos e/ou orgânicos (estercos, compostos, adubação verde, etc).
Diagnose da fertilidade do solo
Os solos apresentam diferenças em sua capacidade no fornecimento de nutrientes, dependendo da quantidade de reservas totais, dinâmica de mobilização e fixação e da disponibilidade dos nutrientes para as raízes, Desse modo, é necessário quantificar, por meio de análises químicas, o potencial dos solos em fornecer os nutrientes e o estado nutricional das plantas, como instrumentos para o uso eficiente de corretivos e fertilizantes. Além destes fatos, é necessário também levar em consideração os diferentes esquemas de rotação e sucessão de culturas que apresentam diferenças nas exigências nutricionais e reciclagem dos nutrientes pelas diferentes culturas componentes dos sistemas de produção utilizados nas propriedades agrícolas. A Figura 1 ilustra a classificação da fertilidade dos solos, utilizada para interpretação da capacidade dos solos em suprir nutrientes as culturas.
Para que o objetivo do manejo racional da fertilidade do solo seja atingido é imprescindível a utilização de uma série de instrumentos de diagnose de possíveis problemas nutricionais que, uma vez corrigidos, aumentarão as probabilidades de sucesso na agricultura. Assim, o agricultor ao planejar o cultivo do sorgo deve levar em consideração os seguintes aspectos: a) expectativa de produção; b) diagnose adequada dos problemas – análise de solo e histórico de calagem e adubação das glebas; c) quais nutrientes devem ser considerados neste particular caso? (muitos solos tem adequado suprimento de Ca, Mg, Fe, etc.); d) quais nutrientes não necessitam ser considerados a cada ano ? (Ca e Mg suprido pela calagem; Zn e Cu residual no solo e, maior ou menor exigência da cultura); e) quantidades de P e K necessários na semeadura ? - determinado pela análise de solo e removido pela cultura; f) qual a fonte, quantidade e, quando aplicar N? (baseado na análise de solo e produtividade desejada); g) quais nutrientes podem ter problemas neste solo? (lixiviação de nitrogênio em solos arenosos, ou são necessários em grandes quantidades); h) outros fatores agronômicos (híbridos, espaçamento, densidade de plantas, sanidade, disponibilidade de água, etc.), são satisfatórios?

Figura 1. Conceitos utilizados para interpretação dos indicadores da fertilidade dos solos e sua capacidade potencial no suprimento de nutrientes às culturas.
Exigências nutricionais
O requerimento nutricional varia diretamente com o potencial de produção. Por exemplo, os dados apresentados na Tabela 1, dão uma ideia da extração de nutrientes pelo sorgo. Observa-se que a extração de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio aumenta linearmente com o aumento na produtividade, e que a maior exigência do sorgo refere-se ao nitrogênio e potássio, seguindo-se cálcio, magnésio e fósforo.
Devido ao fato de culturas com maiores rendimentos extraírem e exportarem maiores quantidades de nutrientes (Tabela 1) e, portanto, necessitarem de doses diferentes de fertilizantes, nas recomendações oficiais de adubação para a cultura do sorgo no Brasil, as doses dos nutrientes são segmentadas conforme a produtividade esperada. Isso se aplica mais apropriadamente, a nutrientes como nitrogênio e o potássio, extraídos em grandes quantidades, mas também é valido para o fósforo e, de certo modo para o enxofre. O conceito é menos importante para o cálcio e o magnésio, cujos teores nos solos, com a acidez adequadamente corrigida, devem se suficientes para culturas de sorgo com altas produtividades.
Tabela 1. Extração média de nutrientes pela cultura do sorgo em diferentes níveis de produtividades.
1/ Para converter P em P2O5, K em K2O, Ca em CaO e Mg em MgO, multiplicar por 2,29, 1,20, 1,39 e 1,66, respectivamente. Fonte: 2/Pitta et al. (2001) e 3/Fribourg et al. (1976). 
FONTE: EMBRAPA


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Nutrição e Adubação do milho


Nos últimos anos, a cultura do milho no Brasil, vem passando por importantes mudanças tecnológicas, resultando em aumentos significativos da produtividade e produção. Entre essas tecnologias destaca-se a conscientização dos produtores da necessidade da melhoria na qualidade dos solos, visando uma produção sustentada. Essa melhoria na qualidade dos solos está geralmente relacionada ao manejo adequado, o qual inclui entre outras práticas, a rotação de culturas, plantio direto, manejo da fertilidade através da calagem, gessagem e adubação equilibrada com macro e micronutrientes, utilizando fertilizantes químicos e/ou orgânicos (estercos, compostos, adubação verde, etc.).
Assim, o agricultor ao planejar a adubação do milho deve levar em consideração os seguintes aspectos: a) diagnose adequada dos problemas – análise de solo e histórico de calagem e adubação das glebas; b) quais nutrientes devem ser considerados neste particular caso? (muitos solos tem adequado suprimento de Ca, Mg, etc.); c) quantidades de N, P e K necessários na semeadura ? - determinado pela análise de solo e removido pela cultura; d) qual a fonte, quantidade e, quando aplicar N ? (baseado na produtividade desejada); e) quais nutrientes podem ter problemas neste solo ? (lixiviação de nitrogênio em solos arenosos, ou são necessários em grandes quantidades).
Exigências Nutrientes
Dados médios de experimentos conduzidos na Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas- MG, dão uma idéia da extração de nutrientes pelo milho, cultivado para produção de grãos e silagem (Tabela 1). Observa-se que a extração de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio aumenta linearmente com o aumento na produtividade, e que a maior exigência do milho refere-se a nitrogênio e potássio, seguindo-se cálcio, magnésio e fósforo.

Com relação aos micronutrientes, as quantidades requeridas pelas plantas de milho são muito pequenas. Para uma produtividade de 9 t de grãos/ha, são extraídos: 2.100 g de ferro, 340 g de manganês, 400 g de zinco, 170 g de boro, 110 g de cobre e, 9 g de molibdênio. Entretanto, a deficiência de um deles pode ter tanto efeito na desorganização de processos metabólicos e redução na produtividade, como a deficiência de um macronutriente como, por exemplo, o nitrogênio.
Em milho, os nutrientes têm diferentes taxas de translocação entre os tecidos (colmos, folhas e grãos). No que se refere à exportação dos nutrientes, o fósforo é quase todo translocado para os grãos (77 a 86 %), seguindo-se o nitrogênio (70 a 77 %), o enxofre (60 %), o magnésio (47 a 69 %), o potássio (26 a 43 %) e o cálcio (3 a 7 %). Isso implica que a incorporação dos restos culturais do milho devolve ao solo grande parte dos nutrientes, principalmente potássio e cálcio, contidos na palhada. Quando o milho é colhido para silagem, além dos grãos, a parte vegetativa também é removida, havendo consequentemente alta extração e exportação de nutrientes (Tabela 1). Assim, problemas de fertilidade do solo se manifestarão mais cedo na produção de silagem do que na produção de grãos. Na figura 1 são apresentadas a reciclagem (restituição) e exportação de nutrientes por milho destinado à produção de grãos e forragem.
De acordo com os dados apresentados na Figura 1, para alcançar produção de 9,20 t de grãos ha-1, a cultura do milho absorveu um total de 185 kg/ha de N, dos quais 138 kg/ha (75 %), foram exportados nos grãos e 47 kg/ha encontravam-se na palhada; 132 kg/ ha de K, dos quais apenas 42 kg/ha (32 %) foram exportados nos grãos e 90 kg ha-1 de K (68 %) encontravam - se na palhada (Figura 1). Pode-se afirmar, portanto, que a manutenção dos restos culturais na área, devolve ao solo grande quantidade de K, caracterizando a cultura do milho destinada a produção de grãos como uma “bomba” recicladora de K, com uma reciclagem de 12 kg de K por tonelada de palha. O milho destinado à produção de forragem tem recomendações especiais porque todo material é cortado e removido do campo antes que a cultura complete o seu ciclo. Com isso, a remoção de nutrientes é muito maior quando comparada com a cultura destinada à produção de grãos (Figura 1). Essas informações tem implicações na recomendação de adubação tanto para o milho como para as outras culturas semeadas em rotação ou em sucessão a este cereal. Assim, ao se planejar a adubação para cultura do milho é importante considerar, além dos resultados das análises de solo, a extração dos nutriente pela cultura, a finalidade de exploração (grãos ou forragem) e a estimativa do potencial de produtividade a ser alcançado.
FONTE: EMBRAPA