quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Cultivo do tomate (Lycopersicon esculentum) cont.

Descrição Botânica

Planta herbácea. As cultivares de L. esculentum são consideradas perene de vida curta no seu habitat e trópicos; em regiões temperadas e como planta cultivada é considerada como cultura anual. Da semeadura até a produção de novas sementes, o ciclo varia de 4 a 7 meses, sendo 1 a 3 meses de colheita; A floração e a frutificação ocorrem junto com o crescimento vegetativo.

Raiz: sistema radicular vigoroso com raiz axial que se desenvolve até atingir uma profundidade de 3 m (semeadura direta). A raiz principal produz um denso conjunto de raízes laterais e adventícias.
Caule: o seu porte varia entre ereto a semi-prostrado. Cresce até atingir uma altura de 2-4 m. O caule é tenro e incapaz de suportar o peso dos frutos. A forma original lembra uma moita, com os cultivos foi sendo modificado através da poda. Ramificação simpoidal (sucessivos eixos principais são desenvolvidos a partir de gemas axilares). Presença de pequenos tricomas (pêlos glandulares ou não glandulares); pêlos glandulares com odor notável devido presença de compostos hidrossolúveis pertencentes a duas classes de toxinas: 2-tridecanona e compostos fenólicos (ácido clorogênico e uma quercetina 3-O-rutinosideo denominada rutin). As toxinas apresentam efeito adverso sobre insetos-praga do tomateiro. Tais toxinas secretadas pelas glândulas necessariamente não tem efeito mortal sobre os insetos herbívoros. Causam enfraquecimento, retardando o crescimento e período pupal; como consequência os insetos tornam-se mais vulneráveis à doenças e predadores no ambiente.
Folhas: folhas alternadas, compostas, pinada, grosseiramente dentada e dispostas de forma helicoidal, com 15-50 cm de comprimento e 10-30 cm de largura. Os folíolos são de forma oval até oblonga, cobertos com tricomas glandulares. O pecíolo tem um comprimento de 3-6 cm.
Flores: A inflorescência é de forma agrupada em cacho (rácemo), com flores pequenas, amarelas e produzindo 6 a 30 flores por cacho (normalmente de 4 a 12 nas cultivares comerciais).  As flores são bisexuais, regulares e têm um diâmetro de 1,5 -2 cm, desprovida de necta. Desenvolvem-se opostos ou entre as folhas. A corola é amarela em forma de estrela. O tubo de cálice é curto e peludo e as sépalas são persistentes. No geral, há 6 pétalas com um comprimento que pode atingir 1 cm, de cor amarela e recurvas quando maduras. Há 5 a 6 estames livres, amarelos, cuja as anteras soldam-se formando um cone (cone anteroidal) e as anteras são de cor amarela clara dispostas em redor do estigma fazendo com que a autopolinização predomine (pólen é liberado pelas fendas laterais das anteras, no interior do cone, sendo conduzido para a boca do tubo formado pelas anteras onde fica o estigma). O ovário tem uma posição superior e contém 2-10 lóculos, sendo mais comum de 3 a 4 caracterizando-se por plantas biloculares e pluriloculares. Na maioria dos casos há autopolinização, mas em parte (5%) também há polinização cruzada. A abertura floral no cacho segue desenvolvimento progressivo, é difícil ocorrer abertura de duas flores simultaneamente; por esta razão encontramos no mesmo cacho frutos pequenos, flores abertas e botões florais. Os polinizadores mais importantes são as abelhas e os abelhões. Cultivares em que o estigma situa-se fora do cone formado pelas anteras, a taxa de alogamia atinge a valores bem mais elevados. O estilete alongado é observado em espécies silvestres e cultivares primitivos levando a polinização cruzada (insetos). Sob condições de elevada temperatura também pode ocorrer alongamento do estilete.
Estigma: é receptivo ao pólen 1 a 2 dia antes da deiscência das anteras e permanece receptivo por 4 a 8 dias após a antese.
Pedicelo: apresenta zona de abscisão típica no seu meio (joelho); as cultivares recentes tem gene recessivo j ("jointless") em que a camada de abscisão não desenvolve. Essa característica foi introduzida pelo melhoramento por favorecer a colheita, seleção e embalagem dos frutos evitando danos mecânicos.
Fruto: é uma baga carnosa, suculenta (95% de água), polispérmico (100 a 180 sementes por fruto nas cultivares comerciais) de forma globular a oblongo e com 2-15 cm de diâmetro, seu peso varia entre 20 a 400g conforme a cultivar. O fruto não maduro é verde. A cor do fruto maduro varia entre amarelo (carotenóides: B-caroteno), cor-de-laranja a vermelho (carotenóides: licopeno); esta coloração ocorre devido a combinação de pigmentos da pele (epiderme) e do pericarpo. No geral, o fruto é redondo, com uma superfície ligeiramente peluda quando jovem e lisa quando madura. Os frutos atingem a maturação de 30 a 40 dias após a fecundação do óvulo. O fruto é composto por uma película (casca = epiderme), popa (pericarpo) e placenta (cavidade locular contendo as sementes). Internamente dividido em lóculos (lojas) ocupados pelo tecido placentário (gel) no qual as sementes se encontram imersas (mucilagem placentária). Pode ser bi, tri ou plurilocular; unilocular é raro. Fruto partenocárpico com lóculos sem espaços vazios é controlado pelo gene recessivo pat-2 encontrado na cultivar soviética Severianin. Em algumas variedades o formato é determinado por ocasião da antese e em outras durante o crescimento após antese.  A divisão celular polar e a expansão celular estão correlacionadas com a determinação do formato do fruto.
Sementes: abundantes, com forma de rim ou de pêra. São peludas, de cor castanha clara, com 3-5 mm de comprimento e 2-4 mm de largura. O embrião está envolto no endosperma. O peso de 1000 sementes é, aproximadamente, de 2,5 – 3,5 g.
Hábito de crescimento: varia de indeterminado a altamente determinado. O hábito indeterminado é dependente da atividade do gene Sp (self-pruning); o alelo recessivo sp confere o fenótipo determinado.


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