quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Cultivo do tomate (Lycopersicon esculentum) cont.

Descrição Botânica

Planta herbácea. As cultivares de L. esculentum são consideradas perene de vida curta no seu habitat e trópicos; em regiões temperadas e como planta cultivada é considerada como cultura anual. Da semeadura até a produção de novas sementes, o ciclo varia de 4 a 7 meses, sendo 1 a 3 meses de colheita; A floração e a frutificação ocorrem junto com o crescimento vegetativo.

Raiz: sistema radicular vigoroso com raiz axial que se desenvolve até atingir uma profundidade de 3 m (semeadura direta). A raiz principal produz um denso conjunto de raízes laterais e adventícias.
Caule: o seu porte varia entre ereto a semi-prostrado. Cresce até atingir uma altura de 2-4 m. O caule é tenro e incapaz de suportar o peso dos frutos. A forma original lembra uma moita, com os cultivos foi sendo modificado através da poda. Ramificação simpoidal (sucessivos eixos principais são desenvolvidos a partir de gemas axilares). Presença de pequenos tricomas (pêlos glandulares ou não glandulares); pêlos glandulares com odor notável devido presença de compostos hidrossolúveis pertencentes a duas classes de toxinas: 2-tridecanona e compostos fenólicos (ácido clorogênico e uma quercetina 3-O-rutinosideo denominada rutin). As toxinas apresentam efeito adverso sobre insetos-praga do tomateiro. Tais toxinas secretadas pelas glândulas necessariamente não tem efeito mortal sobre os insetos herbívoros. Causam enfraquecimento, retardando o crescimento e período pupal; como consequência os insetos tornam-se mais vulneráveis à doenças e predadores no ambiente.
Folhas: folhas alternadas, compostas, pinada, grosseiramente dentada e dispostas de forma helicoidal, com 15-50 cm de comprimento e 10-30 cm de largura. Os folíolos são de forma oval até oblonga, cobertos com tricomas glandulares. O pecíolo tem um comprimento de 3-6 cm.
Flores: A inflorescência é de forma agrupada em cacho (rácemo), com flores pequenas, amarelas e produzindo 6 a 30 flores por cacho (normalmente de 4 a 12 nas cultivares comerciais).  As flores são bisexuais, regulares e têm um diâmetro de 1,5 -2 cm, desprovida de necta. Desenvolvem-se opostos ou entre as folhas. A corola é amarela em forma de estrela. O tubo de cálice é curto e peludo e as sépalas são persistentes. No geral, há 6 pétalas com um comprimento que pode atingir 1 cm, de cor amarela e recurvas quando maduras. Há 5 a 6 estames livres, amarelos, cuja as anteras soldam-se formando um cone (cone anteroidal) e as anteras são de cor amarela clara dispostas em redor do estigma fazendo com que a autopolinização predomine (pólen é liberado pelas fendas laterais das anteras, no interior do cone, sendo conduzido para a boca do tubo formado pelas anteras onde fica o estigma). O ovário tem uma posição superior e contém 2-10 lóculos, sendo mais comum de 3 a 4 caracterizando-se por plantas biloculares e pluriloculares. Na maioria dos casos há autopolinização, mas em parte (5%) também há polinização cruzada. A abertura floral no cacho segue desenvolvimento progressivo, é difícil ocorrer abertura de duas flores simultaneamente; por esta razão encontramos no mesmo cacho frutos pequenos, flores abertas e botões florais. Os polinizadores mais importantes são as abelhas e os abelhões. Cultivares em que o estigma situa-se fora do cone formado pelas anteras, a taxa de alogamia atinge a valores bem mais elevados. O estilete alongado é observado em espécies silvestres e cultivares primitivos levando a polinização cruzada (insetos). Sob condições de elevada temperatura também pode ocorrer alongamento do estilete.
Estigma: é receptivo ao pólen 1 a 2 dia antes da deiscência das anteras e permanece receptivo por 4 a 8 dias após a antese.
Pedicelo: apresenta zona de abscisão típica no seu meio (joelho); as cultivares recentes tem gene recessivo j ("jointless") em que a camada de abscisão não desenvolve. Essa característica foi introduzida pelo melhoramento por favorecer a colheita, seleção e embalagem dos frutos evitando danos mecânicos.
Fruto: é uma baga carnosa, suculenta (95% de água), polispérmico (100 a 180 sementes por fruto nas cultivares comerciais) de forma globular a oblongo e com 2-15 cm de diâmetro, seu peso varia entre 20 a 400g conforme a cultivar. O fruto não maduro é verde. A cor do fruto maduro varia entre amarelo (carotenóides: B-caroteno), cor-de-laranja a vermelho (carotenóides: licopeno); esta coloração ocorre devido a combinação de pigmentos da pele (epiderme) e do pericarpo. No geral, o fruto é redondo, com uma superfície ligeiramente peluda quando jovem e lisa quando madura. Os frutos atingem a maturação de 30 a 40 dias após a fecundação do óvulo. O fruto é composto por uma película (casca = epiderme), popa (pericarpo) e placenta (cavidade locular contendo as sementes). Internamente dividido em lóculos (lojas) ocupados pelo tecido placentário (gel) no qual as sementes se encontram imersas (mucilagem placentária). Pode ser bi, tri ou plurilocular; unilocular é raro. Fruto partenocárpico com lóculos sem espaços vazios é controlado pelo gene recessivo pat-2 encontrado na cultivar soviética Severianin. Em algumas variedades o formato é determinado por ocasião da antese e em outras durante o crescimento após antese.  A divisão celular polar e a expansão celular estão correlacionadas com a determinação do formato do fruto.
Sementes: abundantes, com forma de rim ou de pêra. São peludas, de cor castanha clara, com 3-5 mm de comprimento e 2-4 mm de largura. O embrião está envolto no endosperma. O peso de 1000 sementes é, aproximadamente, de 2,5 – 3,5 g.
Hábito de crescimento: varia de indeterminado a altamente determinado. O hábito indeterminado é dependente da atividade do gene Sp (self-pruning); o alelo recessivo sp confere o fenótipo determinado.


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domingo, 25 de dezembro de 2011

Cultivo do tomate (Lycopersicon esculentum) cont.

Importância econômica
A produção mundial de tomate no ano de 2009 foi de aproximadamente 152 milhões de toneladas. O Brasil, um dos maiores produtores mundiais ocupando o nono lugar, produziu em 2008 cerca de 4,3 milhões de toneladas em uma área de 67 mil hectares, indicando uma produtividade média de 64 t por hectare (FAO 2011).
A produção de tomate no Brasil é bastante desenvolvida, sendo os estados do Sudeste e Centro-oeste os de maior importância econômica. Nesta região localizam-se as maiores empresas de processamento do fruto.
Estima-se que aproximadamente três milhões de toneladas da produção brasileira do tomate seja para seu consumo in natura, sendo o restante utilizado para o processamento de sua polpa, normalmente feito a partir de tomates rasteiros. Os principais estados brasileiros, responsáveis por esta produção são Goiás, São Paulo e Minas Gerais.


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pH: O que significa?

O pH refere-se à alcalinidade ou acidez de uma solução cada vez maior da solução da água. Esta solução consiste em elementos minerais dissolvidos na forma iônica na água. A reação desta solução se é ácido, neutro ou alcalino terá um efeito significativo sobre a disponibilidade de elementos minerais para as raízes das plantas. Quando há uma maior quantidade de íons de hidrogênio (H+), a solução será ácido (pH<7,0). Se houver mais de íons de hidroxila (OH-) a solução será alcalina (pH>7,0). Um equilíbrio de hidrogênio para íons hidroxila produz um solo pH neutro (= 7,0). O intervalo para a maioria das culturas é 5,5-6,5 ou ligeiramente ácido. Isto cria o maior nível médio de disponibilidade de nutrientes. Flutuações extremas de pH maior ou menor pode causar deficiência ou toxicidade de nutrientes.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Cultivo do tomate (Lycopersicon esculentum)

Origem

A julgar pela distribuição de spp silvestres, o progenitor do tomateiro hoje cultivado tem com origem uma área limitada, seca, tropical, compreendendo da Cordilheira dos Andes entre um pequeno território que se estende do Sul do Equador ao norte do Chile e em algumas ilhas do Oceano Pacífico. Das formas silvestres, L. esculentum var. cerasiforme é considerado o provável ancestral imediato do tomateiro cultivado (parente próximo). Esta espécie se expandiu, a partir do Equador e Peru, por toda a América tropical.

Áreas de Vera Cruz e Puebla, no México, são consideradas como sendo o centro de domesticação. Chegou na Europa em meado século XVI e disseminou-se para Ásia meridional e oriental, África e Oriente médio. Mais recentemente, distribuiu-se o tomate silvestre para outras partes de America do Sul e do México.
Inicialmente associado com a reputação de alimento perigoso devido a relação com solanáceas venenosas contendo alcalóides, tipo beladona (Atropa belladonna), Datura stramonium e mandrágora (Mandragora officinarum). Acredita-se que seu uso inicial na alimentação tenha sido restrito e utilizado mais como ornamental. Hoje é a segunda solanáceae mais cultivada no mundo, vindo após a batata. Embora indígena da parte ocidental da América do Sul, seu consumo e importância econômica na região de origem á pequeno quando comparado a outras partes do mundo.
É sugerido que a denominação "tomato" seja oriunda da linguagem Nahuati do México. Alguns nomes comuns locais ao tomate são: Tomate (português, espanhol), Jitomate (espanhol mexicando), na Itália "pomo di oro" (maçã dourada) o que sugere que os tipos cultivados possuíam frutos amarelados; na França o fruto foi chamado de "pomme d'amour" (maçã do amor); e tomato (inglês).

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Fertilidade ou Nutrição?

A fertilidade é a capacidade intrínseca de um solo em fornecer nutrientes às plantas em quantidades ideais e em proporções adequadas.

A nutrição está relacionada às etapas de um organismo vivo assimilar comida e usá-la para o seu crescimento e substituição de tecidos. Antes, pensava-se que o crescimento da planta era em termos de fertilidade do solo ou até mesmo quanto de fertilizante deveria ser acrescentado para aumentar o teor de nutrientes no solo.

Grande parte dos fertilizantes que existem hoje foram formulados para evitar deficiências dos nutrientes no solo. Ultimamente tem sido utilizado em sistemas de cultivo de planta sem solo “soiless” com um aumento bastante expressivo.

Este cultivo de planta sem solo é conhecido como hidroponia, de modo que grande parte dos estudos da nutrição de plantas foi desenvolvida utilizando este cultivo, por apresentar inúmeras vantagens. Avanços bem significativos na análise de tecidos vegetal levaram a uma compreensão mais ampla da nutrição das plantas. Nutrição das plantas é um termo que leva em conta as inter-relações dos elementos minerais no solo ou solução hidropônica, bem como seu papel no crescimento das plantas. Esta inter-relação envolve um complexo equilíbrio de elementos minerais essenciais e benéficos para o crescimento da planta ideal.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Nutrientes nas plantas

Conhecemos dezesseis elementos químicos que são importantes para o crescimento e sobrevivência das plantas. Estes elementos químicos são divididos em dois grupos principais: não-mineral e mineral.

Nutrientes não-mineral
Os nutrientes não-minerais são: hidrogênio (H), oxigênio (O) e carbono (C). Estes nutrientes são encontrados no ar e na água. Em um processo chamado fotossíntese, as plantas usam a energia do sol para mudar o dióxido de carbono (CO2 - carbono e oxigênio) e água (H2O - hidrogênio e oxigênio) em amidos e açúcares. Esses amidos e açúcares são alimentos da planta.

Nutrientes minerais
Os 13 nutrientes minerais, que vêm do solo, são dissolvidos em água e absorvido pelas raízes das plantas. A quantidade destes nutrientes não é sempre suficiente no solo para atender a exigência das plantas. É por isso que muitos agricultores usam fertilizantes para suprir a carência ao solo.

Os nutrientes minerais são divididos em dois grupos:

Macronutrientes e micronutrientes
Macronutrientes: podem ser divididos em mais dois grupos: nutrientes primários e secundários. Os nutrientes primários são o nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K). Estes nutrientes são importantes por serem mais exigidos pelas plantas, ou seja, as plantas utilizam estes nutrientes em grandes quantidades para o crescimento e sobrevivência. Os nutrientes secundários são o cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S). Por apresentarem uma exigência menor, existe geralmente no solo quantidades suficiente destes nutrientes para atender sua demanda. Por outro lado, quando nos deparamos com solos ácidos, grandes quantidades de cálcio e magnésio são adicionadas na forma de calcário com o objetivo de neutralizar a acidez por meio da liberação de OH-. O enxofre é normalmente encontrada em quantidades suficientes a partir da decomposição lenta da matéria orgânica do solo, uma importante razão para não jogar fora restos de folhas que caem das árvores.

Micronutrientes: são elementos essenciais para o crescimento das plantas que são necessários apenas em pequenas (micro) quantidades. Estes elementos são por vezes chamados de elementos menores ou oligoelementos, mas o uso do termo de micronutrientes é ultilizado pela Sociedade Americana de Agronomia e da Sociedade de Ciência do Solo da América. Os micronutrientes são o boro (B), cobre (Cu), ferro (Fe), cloreto (Cl), manganês (Mn), molibdênio (Mo) e o zinco (Zn). Reciclagem de matéria orgânica, tais como restos de culturas é uma excelente maneira de fornecer micronutrientes (bem como macronutrientes) para o crescimento das plantas.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A Matéria Orgânica do Solo

A matéria orgânica (MO) seria formada de organismos, resíduos de vegetais e de animais, em decomposição. A matéria orgânica do solo é a principal reguladora da CTC do mesmo. O carbono (C) orgânico participa com 58% na composição da matéria orgânica do solo. Para se obter o teor de MO%, multiplica-se o teor de carbono por 1,724. Dividindo-se o teor de carbono por 20 teremos uma estimativa do teor de nitrogênio (N) no solo. Os solos contêm carbono cerca de duas vezes superior a da atmosfera e cerca de três vezes superior à presente na vegetação. A decomposição da matéria orgânica do solo libera CO2 para a atmosfera, e desta é absorvida, novamente, para formar a matéria orgânica.
Uma camada de 0-30 cm de solo leva de mil a dez mil anos para se formar, segundo Harbeli et al. (1991). A fertilidade do solo depende de um conjunto de processos de natureza física, e outros de natureza química. As principais causas desfavoráveis ao solo são: a erosão, a mineralização da MO, a impermeabilização, a compactação e a salinização. A matéria orgânica dá vida ao solo. Sem MO, viva ou morta, o solo não tem condições de promover o desenvolvimento de uma lavoura. A MO, a partir das substâncias húmicas, mantém um solo bem estruturado e com uma distribuição equilibrada das partículas (areia, silte, argila), com o aparecimento de poros onde a água e o ar são armazenados, constituindo um meio ideal para o desenvolvimento do sistema radicular, e das plantas. Através dos ácidos fúlvicos, a matéria orgânica aumenta a CTC do solo proporcionando uma maior retenção de cátions, como K, Ca, Mg, evitando que sejam lixiviados, e suprindo as plantas de nutrientes, através da solução do solo. A MO, através dos resíduos vegetais que cobrem o solo, forma uma barreira ao impacto das águas da chuva, evitando enxurradas e protegendo-o contra a erosão causada por elas. As minhocas, as raízes mortas, que compõem a MO do solo, fazem com que apareçam túneis que facilitam o escoamento (drenagem) da água e a movimentação do calcário para as camadas mais profundas do solo. A MO, através dos ácidos húmicos, oxálico e málico, age na disponibilização de fósforo (P) para as plantas. Os fungos presentes na MO, associados às raízes das plantas, melhoram a eficiência das mesmas em absorver o P do solo. Através das raízes de plantas usadas como adubos verdes, como ervilhaca, tremoço, a matéria orgânica rompe as camadas de solos compactados.
O perfil de um solo é constituído de camadas chamadas "horizontes", que são formadas a partir da modificação do material original, pela ação do intemperismo, com diferentes colorações de acordo com o grau de hidratação do ferro, dos teores de cálcio e óxidos de silício, e do teor de matéria orgânica nas camadas superficiais do solo. De uma Região para outra, observam-se diferentes tipos de solos. Os solos tropicais são mais profundos, mais quentes, contêm mais alumínio, apresentam baixa CTC, rapidez na decomposição da matéria orgânica, maior absorção de água, maior lixiviação de cátions e teores de MO de até 2%, em relação aos solos temperados.
A matéria orgânica do solo melhora as propriedades físicas, químicas e biológicas de um solo. Apresenta uma grande variação entre os diferentes tipos de solos: desde menos de 1% até valores extremamente altos (solos orgânicos). A MO tem papel preponderante no aquecimento do solo, no suprimento de nutrientes para as plantas, na estabilização da estrutura do solo e no aumenta da permeabilidade.
As perdas de solo são variadas, e as causas vão desde a adoção de práticas agrícolas inadequadas, desmatamento, excesso de pastoreio, que fazem com que a cobertura vegetal desapareça, dando lugar a uma oxidação da matéria orgânica morta e, como consequência, a ação da erosão: água e vento. A MO do solo é uma fonte de nutrientes como N, P, S. Em solos secos e arenosos, a MO é muito importante, pois absorve água em quantidades superiores ao seu peso.
Vários são os fatores que contribuem para as perdas de matéria orgânica do solo:
Clima - a MO decompõe-se mais rapidamente quando as temperaturas são elevadas. Por isto é que os solos do clima quente contêm menos MO que aqueles do clima mais frio.
Textura do solo - os solos com textura fina contêm mais MO. Eles têm uma melhor retenção de água e de nutrientes fornecendo condições ideais para o desenvolvimento das plantas. Já os solos grosseiros são mais arejados e com uma decomposição mais rápida da MO, pela presença do oxigênio.
Drenagem - nos solos úmidos, por apresentarem menos oxigênio, dificultam a decomposição da MO que vai se acumulando.
Mobilização do solo - na mobilização do solo, a terra mistura o oxigênio do solo aumentando a temperatura média e acelerando a decomposição da matéria orgânica. A remoção das camadas superficiais e de húmus, pela ação da erosão, provoca perdas de MO.
Vegetação - as raízes das plantas são as grandes formadoras de MO do solo, pois se decompõem à profundidades maiores.
No sistema de plantio direto (SPD) há uma menor degradação do solo. Nos pomares, o plantio de espécies de adubo verde intercaladas, plantadas entre as linhas das árvores, é cortado no florescimento, e deixadas na superfície do solo. Na cafeicultura se utiliza como adubação verde, o lab-lab, a crotalária e a mucuna. Planta-se de uma a três linhas de adubo verde. Nas frutíferas é recomendada a adubação verde com hábitos rasteiros, pois as distâncias entre as plantas são maiores. Neste caso usa-se o amendoinzinho, mucuna, soja perene que oferecem controle às ervas daninhas, proteção à insolação e às temperaturas elevadas do solo. A temperatura do solo maior que 40 ºC prejudica o desenvolvimento radicular, a absorção de nutrientes, e a atividade dos microorganismos. Podem ser usados outros adubos orgânicos como húmus de minhoca, esterco de gado, aves e suínos, lodo de esgoto, restos de curtume, lixo sólido e vinhaça. Na cafeicultura utiliza-se muito a palha de café, que protege o solo contra a erosão e eleva os teores de MO do solo. Entretanto, estes resíduos são ricos em carbono e pobres em nitrogênio (N), contribuindo para uma relação C/N mais alta, que torna difícil e menos rápida a decomposição.
A complementação deve vir com a utilização de fertilizantes químicos. Para isto, o produtor deve consultar um técnico e fazer a análise do solo e dos produtos orgânicos, para ser estabelecida uma recomendação ideal a ser utilizada na lavoura.
A MO é a principal proteção à ação da erosão causada pela água, importante na formação e na estabilidade das partículas do solo, que são responsáveis pela estrutura do mesmo, além de permitir um melhor desenvolvimento do sistema radicular das plantas, fornecendo condições ótimas de aeração e umidade. Um solo bem estruturado resiste melhor à erosão, minimizando as perdas, e permitindo a melhor percolação da água através do seu perfil.
A revegetação é a forma mais eficiente, embora mais lenta, de acumular matéria orgânica num solo. Entretanto, em solos degradados, a revegetação torna-se impraticável. Neste caso, o aporte de MO externa seria condição essencial para recuperar este solo. Produtos como lodo de esgoto doméstico e de indústria, subprodutos da indústria do carvão e, até mesmo, da propriedade rural como, estercos de gado, aves e suínos. Os materiais orgânicos, que são mais rapidamente disponíveis à ação dos microorganismos, conferem, de forma mais rápida, a estabilidade dos agregados, mas sua ação é de curto período. Por outro lado, os materiais orgânicos que resistem mais à decomposição são mais lentos na estabilização de agregados, mas sua ação é duradoura.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Entomologia

Histórico dos insetos
Os primeiros insetos viveram há mais de 300 milhões de anos. Estes seres praticamente habitam o mundo todo, desde os desertos, passando por florestas até lugares onde exista neve. Estão presentes em todos os ambientes. Pertencem a Classe Insecta, Filo Arthropoda, Reino Animalia, com cerca de 1 milhão de espécies, sendo a mais numerosa classe. Uma das principais características externas de identificação imediata dos insetos é que todos possuem cabeça, tórax e abdome distintos e 3 pares de pernas articuladas. São animais invertebrados e possui uma proteção chamada exoesqueleto. Nessas duas últimas partes, pode-se notar uma segmentação mais evidente. Na cabeça, encontram-se um par de antenas e um par de olhos não-pedunculados, ou seja, diretamente colocados junto à superfície. Esses olhos são compostos, e formam uma imagem "em mosaico". Cada unidade visual chama-se omatídeo.
Junto à boca, estão as peças ou aparelhos bucais, equipamentos especializados nos diversos tipos de alimentação dos insetos. Há aparelhos bucais trituradores, sugadores, mastigadores, picadores, lambedores, etc. Os insetos são os responsáveis pela polinização de mais de 70% de todas as plantas fanerógamas da terra, ou seja, plantas que possuem flores. Muitos estão diretamente relacionados com a transmissão de doenças para os seres humanos, como a malária, a doença de Chagas, a dengue, a febre amarela e outras. A produtividade agrícola e a estocagem dos alimentos sofrem grandes perdas pela ação destruidora de muitas espécies de insetos que devoram lavouras inteiras, como os gafanhotos, ou transmitem doenças para as plantações.
Pela maneira de viver podemos dividir os insetos em solitários e sociais. Entre os insetos sociais destacam-se as formigas, cupins e abelhas, por serem mais conhecidas. A ciência que estuda os insetos chama-se ENTOMOLOGIA (entomon = inseto do grego e logia = estudo). Em relação aos homens, muitos insetos são úteis (ex. abelhas), enquanto outros acabam sendo prejudiciais (mosquito). Apesar de numerosos os insetos são praticamente as primeiras vítimas da degradação ambiental que vem ocorrendo como o desmatamento e principalmente com a aplicação de inseticidas.
Em relação à reprodução, o s insetos apresentam fecundação interna, e as fêmeas depositam os ovos para se desenvolverem fora do corpo. São, portanto, ovíparas. Em muitos insetos, observam-se algumas formas especiais de reprodução: partenogênese, desenvolvimento de um embrião a partir de um óvulo não-fecundado, é verificada em abelhas; pedogênese, desenvolvimento de mais de um indivíduo a partir de uma única larva, ocorre em moscas; poliembrionia, desenvolvimento de múltiplos embriões geneticamente idênticos a partir de um único zigoto, é encontrada em algumas vespas.
Uma característica marcante de muitos insetos é a passagem por estágios larvais e a ocorrência de metamorfose (do grego metabole, "mudança").

sábado, 10 de dezembro de 2011

Cultivo hidropônico das plantas

A hidroponia, termo derivado de duas palavras de origem grega − hidro, que significa água e ponia que significa trabalho − está se desenvolvendo rapidamente como meio de produção vegetal, principalmente de hortaliças sob cultivo protegido. A hidroponia é uma técnica alternativa de cultivo protegido, na qual o solo é substituído por uma solução aquosa contendo apenas os elementos minerais essenciais aos vegetais.
Fonte: www.infobibos.com

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Cana-de-açúcar (Saccharum officinarum)

Importância da cultura
A cana-de-açúcar é uma planta perene da família Poaceae, do gênero Saccharum, sendo que os atuais cultivares são híbridos, cujas constituições genéticas participam a S. officinarum, S. spontaneum, S. sinenese, S. barberi e S. robustum. A cana-de-açúcar também é um híbrido interespecífico de Saccharum spp. É uma planta C4 com alta capacidade fotossintética, apresentando maior desenvolvimento e crescimento em regiões mais quentes.
Introduzida no período colonial, a cana-de-açúcar se transformou em uma das principais culturas da economia brasileira. O Brasil não é apenas o maior produtor de cana. É também o primeiro do mundo na produção de açúcar e etanol e conquista, cada vez mais, o mercado externo com o uso do biocombustível como alternativa energética. Responsável por mais da metade do açúcar comercializado no mundo, o País deve alcançar taxa média de aumento da produção de 3,25%, até 2018/19, e colher 47,34 milhões de toneladas do produto, o que corresponde a um acréscimo de 14,6 milhões de toneladas em relação ao período 2007/2008. Para as exportações, o volume previsto para 2019 é de 32,6 milhões de toneladas. O etanol, produzido no Brasil, a partir da cana-de-açúcar, também conta com projeções positivas para os próximos anos, devidas principalmente, ao crescimento do consumo interno. A produção projetada para 2019 é de 58,8 bilhões de litros, mais que o dobro da registrada em 2008. O consumo interno está projetado em 50 bilhões de litros e as exportações em 8,8 bilhões.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Partes florais - Plantas medicinais

Rorippa nasturtium-aquaticum é vulgarmente designado por agrião. É uma planta comestível e que tem propriedades anticancerígenas. É comumente usada em saladas e pode ser encontrados no meio natural em zonas húmidas como rios e riachos. Diz-se que comer um molho de agrião é o que melhor combate a ressaca. O agrião contém várias vitaminas dentre as quais: A, C e grupo B (B1, B2, B6 e B12). Possui também outros elementos tais como: ferro, ácido fólico (essencial para uma gravidez saudável), enxofre, potássio, cálcio, fósforo, iodo, beta caroteno (que produz vitamina A) e fibras. O seu potencial em vitamina C é conhecido desde a idade média, onde era usado para combater o escorbuto.

Cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) cont.

Botânica: Morfologia

As raízes têm a função de absorver as substâncias nutritivas do solo para servir de alimento para a planta. As raízes da cana são fibrosas (sistema radicular fasciculada). Quando se planta uma estaca de cana, se desenvolvem duas classes de raízes:
1 – Raízes transitórias;
2 – Raízes definitivas ou permanentes.
As raízes fixam o vegetal ao solo, de onde retiram principalmente, água e sais minerais. A raiz é composta de várias partes: a coifa, a zona lisa (ou de crescimento), a zona pilosa (dos pêlos absorventes) e a zona suberosa (ou de ramificação).
No cultivo comercial de cana-de-açúcar, que é propagado de forma assexuada, o desenvolvimento do sistema de raiz é iniciado logo depois do plantio de uma porção do núcleo (transitórias) com pelo menos uma gema lateral.
As primeiras raízes formadas são as raízes transitórias, que emergem de uma banda da raiz primordial acima da cicatriz da folha nos nódulos do transitórias. Raízes transitórias podem emergir dentro de 24 horas de plantio, apesar de diferenças no tempo requerido para emergência da raiz ocorrem entre as variedades. Raízes transitórias são finas e com muitas ramificações, que sustentam a planta em crescimento nas primeiras semanas depois da brotação.
Raízes definitivas são tipos secundários de raízes, que emergem da base do novo shoot 5 - 7 dias após o plantio. As raízes definitivas são mais grossas e carnudas que as raízes transitórias e desenvolvem no sistema de raiz principal da planta. Raízes transitórias continuam a crescer por um período de 6 - 15 dias após o plantio, a maioria desaparecendo aos 60 - 90 dias enquanto o sistema de raízes definitivas desenvolve-se e apropria-se do suprimento de água e nutrientes. Até a idade de três meses, as raízes transitórias contêm menos que 2% da massa seca da raiz.
Raízes transitórias inicialmente têm uma proporção de alongamento de poucos mm/dia, alcançando 20 mm/dia dentro de alguns dias de brotação sob condições favoráveis. Raízes definitivas crescem mais rapidamente, com proporção de alongamento de até 80 mm/dia observadas, embora somente para curtos períodos de tempo. As proporções de crescimento médias sobre 10 dias foram 40 mm/dia em solos arenosos e 28 mm/dia em argila dura.
As proporções médias da penetração da raiz, ou o raio de descendência do sistema de raiz, de 20 - 30 mm/dia também foram relatadas. A penetração da raiz em outra tentativa foi 20 mm/dia para uma profundidade de 1,6 m para cultivos não irrigados, porém diminuídos em cultivos irrigados para 17 mm/dia no primeiro 1,0 m e 6 mm/dia entre 1,0 e 1,6 m.
A variação genotípica nos sistemas de raiz da cana de açúcar é bem documentado e aqueles que produzem muitos perfilhos normalmente produzem muitas raízes porque cada novo perfilho é uma fonte de raízes definitiva. De forma similar, cultivos com maior penetração de raiz horizontal (gravitrópico fraco) são mais resistentes à lodging do que aquelas com um sistema de raiz gravitrópico mais forte.
Uma secção longitudinal da ponta da raiz consiste basicamente de quatro partes: a capa da raiz, o ponto de crescimento.
As raízes da cana-de-açúcar são classificadas como raízes do tolete (ou de fixação) e raízes do perfilho. As raízes do tolete são originadas a partir de primórdios radiculares do tolete de plantio, são delgadas e ramificadas. Já as raízes do perfilho são originadas a partir dos primórdios radiculares do perfilho, sendo mais espessas, com coloração clara e menos ramificada (Figura 2).

No período entre o plantio e a formação de raízes do perfilho a absorção de água e nutrientes é garantida pelas raízes do tolete. A funcionalidade das raízes do tolete diminui na medida em que as do perfilho são formadas. As raízes do perfilho também apresentam funcionalidade por tempo limitado. Entretanto, como cada novo perfilho forma suas raízes, o sistema radicular permanece em desenvolvimento.
A seção longitudinal da raiz de cana-de-açúcar consiste de quatro partes: coroa da raiz, ponto de crescimento, região de elongação e região dos pêlos radiculares. A coroa protege os tecidos mais tenros do ponto de crescimento conforme a raiz penetra no solo. O ponto de crescimento é constituído pelo meristema apical no qual ocorre divisão celular. Na região de elongação ocorre crescimento das células em comprimento e diâmetro até que o tamanho definitivo seja atingido. Já a região dos pêlos radiculares é caracterizada por células epidérmicas formando raízes muito finas que proporcionam considerável aumento na área superficial para absorção.
Quanto à distribuição no perfil de solo, as raízes podem ser: a) raízes superficiais de absorção; b) raízes de sustentação que estão intermediárias entre as superficiais e as mais profundas e que, quando jovens, possuem crescimento ativo e grande quantidade de pêlos radiculares e c) raízes-cordão que são as mais profundas e cuja principal função é o suprimento de água.

O colmo (talo) é a parte mais importante da planta, constitui o fruto agrícola da mesma, nele se encontra armazenado o açúcar. É formado por entre-nós que variam em longitude, grossura, forma e cor segundo a variedade. Os entre-nós estão unidos por nós, lugar onde se enxertam as folhas. Nos nós encontramos a gema que é importante na propagação da planta. Se fizermos um corte transversal do talho, observa-se a medula ao centro formada por um tecido esponjoso que contem um líquido rico em açúcar.
Cada junta é feita de um nódulo e um entrenó. O nódulo é onde a folha está acoplada ao talo e onde as gemas e a raiz primordial são encontradas. Uma cicatriz da folha pode ser encontrada no nódulo das folhas quando estas caem. A extensão e diâmetro das juntas variam muito de acordo com as variedades e condições de cultivo. As cores do talo vistas nos entrenós dependem das variedades de cana e das condições ambientais. Por exemplo, a exposição dos entrenós ao sol pode resultar em uma alteração completa de cor. A mesma variedade cultivada em climas diferentes pode exibir cores diferentes. Todas as cores do talo derivam de dois pigmentos básicos: a cor vermelha da antocianina e o verde da clorofila.
A proporção de concentração desses dois pigmentos produz cores de verde ao vermelho púrpuro ao vermelho para quase preto. Talos amarelos indicam uma relativa falta desses pigmentos. A superfície desse entrenó, com a exceção do anel de crescimento, é mais ou menos coberta por cera. A quantidade de cera depende da variedade.
O topo do talo é relativamente baixo em sacarose e, portanto tem pouco valor para moer. 1/3 do topo contém, porém, muitas gemas e um bom suprimento de nutrientes, que o torna valoroso como semente de cana para plantio. Uma seção do entrenó mostra, de fora para dentro, os seguintes tecidos: epiderme, córtex, e tecidos do solo envoltos em bundles vasculares. As células do córtex são de espessura lignificada. Essas células ajudam a alongar o talo. Mais em relação ao centro, o tecido do solo contém os bundles vasculares com xilema e floema. Os tecidos de xilema conduzem água e seus minerais dissolvidos das raízes a parte aérea, e os tecidos de condução do floema transportam a seiva como produto da fotossíntese.



Folha: Dos nós do talho brotam-se as folhas; estas são lancetadas, lineares, largas e agudas. Apresentam uma nervura na veia central forte, dispostas no talho de forma alternada. A sua cor é verde e vai variando de tonalidade de acordo com a variedade e as condições de desenvolvimento da planta.
A folha da planta da cana-de-açúcar é dividida em duas partes: bainha e lâmina. A bainha, como implica seu nome, cobre completamente o talo, estendendo sobre pelo menos um entrenó completo.
As folhas são normalmente acopladas de forma alternada aos nódulos, portanto formando duas fileiras em lados opostos. A planta madura de cana de açúcar tem uma superfície de folha superior total em media de 0,5 metros quadrado e o número de folhas verdes por talo é em torno de dez, dependendo da variedade e condições de crescimento.


Inflorescência: Quando a planta de cana-de-açúcar atinge uma maturação relativa de desenvolvimento, seu ponto de crescimento pode, sob certo período e condições de úmidas do solo, alterar de vegetativo para reprodutivo.
Isso significa que o ponto de crescimento para de formar a folha primordial e começa a produzir uma inflorescência. Isso é uma planta de dia curta. Suas condições periódicas podem ser, portanto altamente alcançáveis nos trópicos.
A inflorescência, ou tassel, de cana de açúcar é uma panícula de ramo aberto que se desenvolve a partir do último entre-nó. Também é conhecido como seta. A forma e cor da mesma é característica de cada variedade, pelo qual serve também para sua identificação. Cada tassel consiste de vários milhares de florzinhas, cada uma capaz de produzir uma semente. As sementes são extremamente pequenas.
Para a produção comercial de cana-de-açúcar, o desenvolvimento da inflorescência tem pouca importância econômica. O florescimento é importante para cruzamento e produção de variedades híbridas. Sobre as espigas se desenvolve flores hermafroditas (que tem órgãos femininos e masculinos), as quais podem produzir sementes férteis, o que permite a obtenção de novas variedades ou híbridos (plantas produtos de cruzamento de variedades) através dos trabalhos genéticos que tem sido desenvolvido nas estações experimentais.
As variedades diferem em suas características de floração. Algumas são de floração mais cedo, outras de floração mais tardia; algumas são de floração abundante, outras não florescem. Geralmente, a extensão de um dia próxima de 12,5 horas e temperaturas noturnas entre 20 e 25 ºC induzirão o início floral. Condições de crescimento ótimas na fase vegetativa (solo fértil, suprimento abundante de nitrogênio e umidade) restringem a inflorescência enquanto condições de estresse induzem a formação de florescimento.
No processo de formação da inflorescência, inicialmente deve ser detectado o período em que ocorre o estímulo para que o meristema apical se modifique, deixando de produzir folhas e colmos, passando a formar a inflorescência. Este período é de difícil definição, pois depende do cultivar, do clima da região e das mudanças que ocorrem nos anos agrícolas. Tais fatos levam-nos a estabelecer somente os meses onde as possibilidades dos fenômenos ocorrerem são maiores. Dessa forma, no hemisfério sul, o estímulo e diferenciação meristemática para a formação da flor ocorrerá nos meses de fevereiro, março e abril, dando-se o florescimento nos meses de abril, maio e junho. Já para o hemisfério norte a diferenciação ocorreria em agosto, setembro e outubro, com a consequente floração de outubro a janeiro. Para CLEMENTS & AWADA (1965) o tempo de estímulo, para que o meristema se modifique em gema floral, é de 18 a 21 dias, dependendo da variedade.
O processo de florescimento divide-se, didaticamente, em quatro fases: transformação do meristema apical em gema floral; transformação desta em inflorescência, o desenvolvimento da inflorescência e da folha bandeira e a emissão da inflorescência. Logo, finda a primeira fase, inicia-se a segunda desenvolvendo-se no eixo principal as ramificações e, logo após, os ramos secundários. Nesta fase, surge o tecido meristemático que formará a bainha da folha bandeira, a qual protegerá a inflorescência. A folha que sofre modificação para transformar-se em bandeira é a folha -8, modificação essa traduzida por diminuição do limbo foliar e grande desenvolvimento da bainha protetora da inflorescência (CLEMENTS, 1975). A terceira fase, caracteriza-se pelo alongamento da bainha da folha bandeira (alcança 70 - 80 cm) e o desenvolvimento da inflorescência, cujo eixo principal chega a mais de 60 cm. A bainha da folha desenvolve-se para fornecer espaço para a inflorescência, bem como para evitar que esta se quebre, por seu tecido ser ainda frágil. Também ocorre nesta fase o desenvolvimento das espiguetas, até a formação da estrutura completa, bem como o máximo desenvolvimento da bainha da folha bandeira. Dessa forma, o passo seguinte é a emissão da inflorescência, seguida pela abertura das flores e a polinização. Para CLEMENTS & AWADA (1967) a completa emissão dura de 4 a 5 semanas, enquanto que a abertura das flores, formação de frutos e maturação, não mais que 2 a 3 semanas.
Dessa forma, como as demais gramíneas, a cana-de-açúcar floresce, frutifica e morre, garantindo a perpetuação da espécie. A floração da cana é fenômeno normal e indispensável para a sobrevivência da espécie não interessando, no entanto, ao produtor. O florescimento, apresenta os seguintes prejuízos básicos:
a. no florescimento, o crescimento vegetativo do colmo é paralizado, com evidente perda do rendimento de áçucar;
b. os colmos florescidos diminuem seu rendimento em açúcar, devido à formação da folha bandeira ou flecha;
c. completado seu ciclo vital, o colmo florescido entra em senescência, permitindo novas brotações;
d. os prejuízos do florescimento são maiores, quando o colmo ainda se encontra em fase de crescimento;
e. colmos florescidos não podem ser armazenados no campo, por muitos meses.
Em função do exposto, o homem procura interferir na natureza tentando evitar o florescimento da cana-de-açúcar, seja através de melhoramento genético ou através de reguladores vegetais, sendo necessário conhecer-se alguns fatores básicos que controlam o florescimento da cana, desde a sua fisiologia, bem como fatores do meio. A florescência da cana-de-açúcar é controlada por um complexo de fatores envolvendo principalmente o fotoperíodo e a temperatura, além da umidade e da radiação solar. O processo de florescência em si é bastante complexo, envolvendo fitocromo, hormônios, florígeno, ácidos nucléicos e fatores diversos, conforme CASTRO (1993).


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Cana-de-açúcar (Saccharum officinarum): Importância da cultura