Começaremos
discutindo o que é a Ecologia, para, em seguida, perceber qual é a importância
de se entender os processos ecológicos.
A palavra
“ecologia” foi usada pela primeira vez em 1869 e o conceito que representa foi
aprimorado ao longo do tempo. Hoje, de uma forma simples, pode-se dizer que
Ecologia é “o estudo científico das interações que determinam a distribuição e
a abundância das espécies”.
Para entender
a forma como os organismos se espalham por uma certa área e quais os fatores
que determinam a quantidade de indivíduos de uma espécie, é necessário
inicialmente conhecer as condições do meio em que vivem, bem como as relações
desses indivíduos uns com os outros dentro da própria população. Também devem
ser investigadas as relações entre indivíduos da espécie considerada e os das
outras espécies com os quais convivem na comunidade.
A
figura ao lado representa esquematicamente uma determinada área povoada por
indivíduos de diferentes “espécies”.
O homem, como
qualquer outro ser vivo, está inserido em certas condições ambientais, interage
fortemente com o meio e com outras espécies, sejam elas microorganismos,
vegetais ou outros animais. Vamos, então, iniciar nosso estudo de Ecologia
reconhecendo como nós mesmos interagimos com o meio físico e com outras
espécies.
Primeiramente,
vamos delimitar a área ou espaço urbano em que você mora ou passa a maior parte
do dia. Você é um indivíduo, pertencente à comunidade instalada na área.
As estruturas
corporais e as ações envolvidas na solução de problemas específicos impostos
pelo ambiente são chamadas adaptações. Organismos mais bem adaptados a um
ambiente são os que apresentam as soluções mais eficientes para garantir sua
sobrevivência. Se as adaptações são determinadas por genes, tornam-se
hereditárias, passando de uma geração para outra. Torna-se então muito
interessante para a espécie que soluções eficientes alcançadas por um indivíduo
possam disseminar-se para outros indivíduos da população, de modo a aumentar
também neles a chance de sobrevivência individual e da própria população.
As entidades
ecológicas (indivíduos, populações, comunidades, ecossistemas) constituem,
nessa ordem, uma hierarquia. Cada nível (chamado nível de organização) possui
atributos específicos, que não se definem em outros níveis. Um exemplo: pode-se
determinar a altura individual, mas não faz sentido pensar em altura da
população; o correspondente populacional da altura individual é a altura média.
A densidade populacional só se define numa população, não tendo correspondente
nos níveis individual ou de comunidade. Pode-se falar em número de espécies na
comunidade, mas não tem sentido imaginar a mesma coisa para uma população
isolada, já que aí todos os indivíduos são da mesma espécie.
Cada nível de
organização envolve processos ou mecanismos particulares: os indivíduos nascem,
respiram, se locomovem, excretam resíduos, crescem, adoecem, morrem. As
populações podem “nascer” e “crescer” a partir da reprodução de alguns
indivíduos iniciais. O crescimento aí corresponde ao aumento do tamanho da
população, ou seja, do número de indivíduos. O tamanho de uma população também
pode reduzir-se gradualmente até sua extinção: populações também “morrem”. Uma
comunidade “nasce” (a partir de indivíduos de diferentes espécies que invadem
um novo ambiente ainda desabitado), “cresce” (aumentando a diversidade – número
de espécies ou populações) e pode até se extinguir. Vemos, então, que as
entidades ecológicas “funcionam”, isto é, têm uma fisiologia própria. O tamanho
das populações, por exemplo, se mantém ao longo do tempo às custas do
equilíbrio entre forças negativas (mortalidade e emigração de indivíduos) e
positivas (natalidade e imigração). As características das comunidades refletem
o efeito conjunto das condições abióticas e das interações entre organismos das
populações que as compõem. Por fim, um ecossistema em funcionamento apresenta
dois processos cruciais: o fluxo energético, e a ciclagem de materiais,
geralmente chamada de ciclagem de nutrientes.
Em
decorrência desses processos, o meio afeta os seres vivos, e estes também
afetam o meio. Sabe-se hoje que nossa atmosfera só apresenta O2 e CO2
graças à atividade vital de organismos no passado.
Assim
como ocorre nos sistemas físicos, a manutenção dos sistemas biológicos, em
todos os níveis de organização, também requer energia. Quanto mais complexa for
a organização dos sistemas, mais energia será requerida para manter sua
integridade. É importante notar que, sendo essa energia essencialmente química
(está nas ligações entre os átomos nas moléculas), não pode ser dissociada dos
materiais em que reside.
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