segunda-feira, 23 de julho de 2012

Vísceras de peixe na produção de biodiesel


DAYANA AQUINO
Da Redação – ADV
Do cardápio para o tanque do carro. A tilápia, peixe amplamente produzido no Brasil, apresenta um grande potencial para a produção de biodiesel. Pesquisas no Ceará apontam que das vísceras do animal pode ser produzido biocombustível de boa qualidade, com uma produção que, somente no estado, pode alcançar 167 mil toneladas de óleo por ano.
Os estudos são conduzidos pela Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (Nutec). Os levantamentos feitos até agora apontam que de cada peixe, 4,5% pode se transformar em biodiesel. O óleo é extraído das vísceras do animal, parte que seria descartada.
Do peixe, são extraídos 10% das vísceras, das quais 50% é óleo. Cerca de 90% desse óleo pode se transformar em biodiesel, conforme explica o diretor de Inovação Tecnológica da Nutec, Ricardo de Albuquerque Mendes.
De acordo com a Nutec, as tilápias são os peixes mais cultivados no Brasil, correspondendo a 38% do total de peixes produzidos. O Ceará é o maior produtor nacional de tilápia. O pesquisador Fernando Pedro Dias, afirma que não há risco de uma discussão sobre segurança alimentar como ocorre com o biodiesel a partir de sementes. “As pesquisas com a tilápia surgem como alternativa justamente por utilizar a matéria-prima do peixe que não serve como alimento”.
Para atender a demanda de 5% de biodiesel puro ao diesel fóssil, o Ceará precisará de 38 milhões de litros de biodiesel por ano. Para Mendes, será necessário multiplicar as matérias-primas, onde se encaixa o óleo de vísceras de tilápia, para atender a demanda. O aproveitamento dos resíduos desse peixe, além de contribuir com o potencial energético local com matéria-prima barata, também são uma alternativa de renda às comunidades pesqueiras e criadores cearenses e auxiliam na redução da poluição local com o tratamento desses rejeitos.

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